O DIA teve acesso a carta, única escrita por Odetinha a qual se tem registro. Uma cópia do documento, que tem quatro páginas, está no dossiê a ser analisado pelo Vaticano.
Carta de Odetinha ao irmão | Foto: Reprodução
Carta de Odetinha ao irmão | Foto: Reprodução
No texto, escrito em agosto de 1938, Odetinha parabeniza o irmão de criação, Fernando Pinto de Araújo, o Fernandinho, pelo aniversário de 12 anos. A relíquia foi guardada pela aposentada Lícia Maria Ribeiro de Araújo, de 76, viúva de Fernandinho. A devoção à menina é tanta que o casal batizou a filha do meio de Maria Odete e o caçula de Francisco, nome do pai de Odetinha.
casamento de Lícia e Fernandinho foi realizado na casa de Odetinha, em 1959 — 20 anos após a morte. A garota foi uma das incentivadoras para que o irmão entrasse no seminário. Ele desistiu de ser padre logo após a morte dela.
“Meu marido sempre acreditou que ela era uma pessoa iluminada, especial. Mesmo muito rica, não aceitava saltar de carro em frente ao Colégio Sion, não usava joias e ensinava os funcionários da casa a ler e escrever”, contou Lícia.
Sigilo sobre a santidade
Afilhado de crisma de Alice Vidal de Oliveira — mãe de Odetinha —, o aposentado David Azoubel, 56 anos, contou que a madrinha nunca se referia à filha como santa. Tantocuidado era para evitar qualquer imagem de superioridade em relação à espiritualidade da garota. “Ela sabia que Odetinha era privilegiada neste sentido espiritual.
Mas, com muita humildade, a madrinha preferia dizer que a filha tinha amiguinhos, não devotos”, afirmou David. Ele ainda guarda o vestido de primeira comunhão da garota e um par de luvas que ela costumava usar.
Amanhã, os restos mortais de Odetinha continuam expostos para visitação em igreja do Largo do Machado. No domingo, Dia de São Sebastião, a urna chega à Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, às 9h20, e, às 19h30, segue para a Basílica das Imaculada Conceição, em Botafogo, onde ficará até a beatificação.