“Escuta-me e entenda bem, meu caçula, nada deve amedrontar ou afligir você. Não deixe seu coração perturbado. Não tema esta ou qualquer outra enfermidade, ou angústia. Eu não estou aqui? Quem é a sua Mãe? Você não está abaixo da minha proteção? Eu não sou a sua saúde? Você não está feliz com o meu abraço? O que mais pode querer? Não tema nem se perturbe com qualquer outra coisa”1. Essas foram as palavras de Nossa Senhora de Guadalupe ao ver o jovem Juan Diego inquieto por causa de uma gravíssima moléstia que acometia seu tio, Juan Bernardino.
Como não identificar-se com a aflição do menino? Quem nunca passou por um problema aparentemente insolúvel? Uma angústia dilacerante? Uma grande dúvida? Principalmente como jovens: época de escolhas importantíssimas, difíceis e definitivas. É humanamente compreensível o desconforto do rapaz, entretanto, a “Consoladora dos Aflitos”, o “Auxílio dos Cristãos” dá a resposta capaz de vencer qualquer inquietude: Sou sua Mãe, protejo-lhe, “o que mais pode querer?”. Impossível não alegrar a alma depois dessa constatação: Nossa Senhora, Mãe de Deus, é nossa mãe.
Ao saborear esse presente do Senhor - a filiação maravilhosa de Maria - é natural que aumente a confiança e o desejo de imitar a Virgem.
E como não há de se confiar na sua própria mãe? Recitando a oração “Lembrai-vos”, na qual se pede ajuda a Nossa Senhora, diz-se: “nunca se ouviu dizer que algum daqueles que a Vós têm recorrido, implorado a vossa assistência e invocado o vosso socorro, fosse por vós desamparado”. A confiança é proveniente da certeza da prece ouvida, do carinho certo da Mãe de Deus. Assim como todas as mães o fazem, a garantia que o auxílio não tardará.
Ainda desfrutando da adoção divina, pode-se traspassar um acontecimento muito comum: os filhos tendem a parecer com os pais. Imitaremos o grandíssimo exemplo que é Nossa Senhora: “O Senhor ter-nos-á feito descobrir muitos outros traços da correspondência fiel da Santíssima Virgem, que de per si nos convidam a tomá-los como modelo: sua pureza, sua humildade, sua firmeza de caráter, sua generosidade, sua fidelidade...”2. Ao imaginar como a Virgem agiria em alguma situação, como ela efetuaria um trabalho - do mais simples e cotidiano ao mais complexo e inusitado – além de nos aproximar da nossa Santíssima Mãe, ajudar-nos-á a, também nós, dizermos diariamente “sim” às coisas de Deus.
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Referências
2. São Josemaria Escrivá, É Cristo que Passa, Quadrante, n. 174.
3. Jean Galot, Maria e a Fé, Quadrante, pág. 78.