Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé
(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)
Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço-vos por estardes reunidos para o encontro do Angelus aqui em Castel Gandolfo , onde cheguei há poucos dias. Aproveito de bom grado a ocasião para dirigir a minha saudação cordial também a todos os habitantes desta querida Cidade, com o desejo de uma boa estação de verão. Saúdo particularmente o nosso Bispo de Albano.
No Evangelho deste Domingo (Mt 13,1-23), Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. É uma página, de algum modo, "autobiográfica", porque reflete a experiência mesma de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que espalha a boa semente da Palavra de Deus e observa os diferentes efeitos que obtém, seguidos do tipo de acolhimento reservado ao anúncio. Há quem escuta superficialmente a Palavra, mas não a acolhe; há quem a acolhe no momento, mas não tem a constância e perde tudo; há quem seja dominado pelas preocupações e seduções do mundo; e há quem escute de modo receptivo, como o terreno bom: aqui a Palavra produz fruto em abundância.
Mas esse Evangelho insiste também sobre o "método" da pregação de Jesus, isto é, de fato, sobre o uso das parábolas. "Por que lhes falas em parábolas?" – perguntam os discípulos (Mt 13,10). E Jesus responde colocando uma distinção entre esses e a multidão: aos discípulos, isto é, àqueles que já estão decididos por Ele, Ele pode falar do Reino de Deus abertamente, ao passo que, aos outros, deve anunciá-lo em parábolas, para estimular, de fato, a decisão, a conversão do coração; as parábolas, de fato, por sua natureza, requerem um esforço de interpretação, interpelam a inteligência, mas também a liberdade. Explica São João Crisóstomo: "Jesus pronunciou essas palavras com o objetivo de atrair a si os seus ouvintes e exortá-los, assegurando que, se se voltassem a Ele, Ele lhes curará" (Comm. al Vang. di Matt., 45,1-2). No fundo, a verdadeira "Parábola" de Deus é Jesus mesmo, a sua Pessoa que, na forma da humanidade, esconde e ao mesmo tempo revela a divindade. Desse modo, Deus não força a crer n'Ele, mas nos atrai a Si com a verdade e a bondade do seu Filho encarnado: o amor, de fato, respeita sempre a liberdade.
Queridos amigos, amanhã celebraremos a festa de São Bento, Abade e Patrono da Europa. À luz desse Evangelho, olhamos a ele como mestre da escuta da Palavra de Deus, uma escuta profunda e perseverante. Devemos sempre aprender com o grande Patriarca do monaquismo ocidental a dar a Deus o lugar que é Seu de direito, o primeiro lugar, oferecendo a Ele, com a oração da manhã e da noite, as atividades diárias. A Virgem Maria ajude-nos a ser, com base em seu modelo, "terra boa" onde a semente da Palavra possa produzir muito fruto.