A celebração da Solenidade de Pedro e Paulo nos dá ocasião para aprofundar o nosso amor à Igreja e a nossa missão aos povos. Em ambos vemos a nossa missão de discípulos missionários.
Pedro e Paulo aparecem como anunciadores do Evangelho para os povos, fundadores de comunidades cristãs e testemunhas de Cristo até o martírio. A festa de hoje associa-os na fé em Cristo e na fundação da Igreja de Roma. Com especial atenção e alto valor teológico, o autor dos Atos dos Apóstolos enfatiza a sintonia entre Pedro na prisão e a comunidade cristã (At 12,1-11, primeira leitura): "Da Igreja subia fervorosamente a Deus uma oração por ele" (v. 5). A libertação milagrosa de Pedro da prisão o torna, então, livre para outros horizontes missionários.
São Paulo, na prisão, faz um balanço de sua vida (2Tm 4,6-8.17-18, segunda leitura), dá graças ao Senhor que esteve perto dele e deu-lhe força para que ele pudesse "levar a cumprimento o anúncio do Evangelho a todos e as gentes o aceitassem" (v. 17).
A liturgia deste dia nos convida a refletir sobre a fidelidade e testemunho dos dois pilares da Igreja. Pedro mostra-nos as chaves do reino, primeiro príncipe dos apóstolos. Ouvir a sua confissão, que agora pertence a nós como seguidores da mesma fé. Sentimo-nos como a fonte da nossa alegria pertencer a Cristo, a fonte da qual ele bebeu a mesma fé, o compromisso de também nos colocarmos como testemunhas. É também um dia de ação de graças a Deus, a Cristo Jesus pelos seus apóstolos, os fundadores da Igreja, nossa mãe. O que há para dizer na história da Igreja até os nossos dias, quando se vive um percurso onde as fragilidades humanas foram suplantadas pela força do Espírito. Quando em nossas escolas, universidades e livros a história é escrita excluindo a colaboração dos cristãos e até mesmo condenando a missão da Igreja, este momento de nossa liturgia é a hora de, mesmo reconhecendo as fragilidades históricas de nossas comunidades, olharmos com confiança para a missão desempenhada pelos seguidores de Cristo na construção da civilização do amor.
Temos a certeza de que ainda estamos apoiados sobre a rocha, que é o próprio Cristo, e sobre a Pedra, que é a fé do Apóstolo Pedro e de seus sucessores, e hoje do Romano Pontífice, o Papa Bento XVI. As portas do inferno, mesmo quando se manifestaram com violência contra nós, não prevaleceram. A promessa de Cristo é realizada em sua plenitude. A história de Pedro, no início fraco, arrogante e com medo, se torna depois corajoso e sem medo de dizer a verdade e a morrer como testemunho da sua fidelidade a Cristo. Isso se tornou substancialmente a história de nossa Igreja e de muitos cristãos.
Ver espalhado em libação o seu sangue é a suprema aspiração do Apóstolo, após a labuta dura de seu intenso apostolado. Ele anseia ao martírio por querer estar totalmente assimilado a Cristo e, assim, dar o supremo testemunho de fidelidade e amor. Esses dois traçam, de modo diverso, o caminho da Igreja e de todos nós: fracos como Pedro antes de Pentecostes, porém fortalecidos depois da vinda do Espírito Santo. Nós, perseguidores do Senhor como Saulo, mas depois tranfigurados pela graça. Quem sabe se estamos também nós realmente prontos e dispostos a dar nossas vidas para Cristo?